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Agora

Agora já não tenho paciência
Paciência para ouvir as conversas alheias
As conversas fúteis que nada dizem
Que contam histórias vazias
As da máquina de café sem água
De dois amigos que discutem
Da conversa do sedutor incompreendido
Do Porto que ganhou
Ou da superbock quente demais
A vizinha divorciou
E a outra que cultiva o campo dos Ribeiro
A sobrinha da Maria que caminha todos os dias 8 km
Não suporto alcovitice, sempre fui assim.

Por favor! Calem-se!
Já não posso ouvir os vossos gritos das vossas conversas sem fim, vazias e chatas!

Sinto o perfume das ondas do oceano
E a calma vem até mim
O som da espuma da maré sossega-me.

Mas logo ouço esse tom de voz
Já não reconheço o sotaque
Fico irritada
Afinal donde sou?
Não me reconheço aqui
Evoluí
Mudei
Donde vens rapariga de pés descalços?

Silêncio
Perdi a voz
Fico pensativa
Observo à minha volta
Esta areia ainda é minha
O cheiro a cimbalino também
Mas… vem o mas
O mas que me diz ao ouvido:
Um dia foste daqui
Hoje és de onde tu quiseres
Pertences ao teu universo
E não és daqui nem de lá longe.

É… já não te pertenço
Choro porque sei
Agora sei donde sou
Sou apenas daquele sítio
O lugar porto seguro
Onde tu respiras
E onde eu-família pode por vezes existir.

E os vasos em flor choram o desencanto da Primavera…

BV070421

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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