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A guerra e o frade

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O incrível aconteceu: na velha e supercivilizada Europa, em pleno século XXI, explodiu hedionda guerra, verdadeira e sangrento genocídio.

Uns, de cátedra, dizem que a terra é deles; outros, asseveram: o povo tem o direito de escolher, democraticamente, o governo e ideologia, que querem seguir.

A minha geração batia-se e defendia encarniçadamente, que os povos deviam ser livres. Os velhos impérios e o colonialismo tinham que ser varridos da face da Terra – Eram os ventos da História.

Os ventos mudaram, e parece que a definição de liberdade e democracia também se vão desnudando… São ventos variáveis.

Mas não é da guerra, nem dos beligerantes que quero falar, mas sim do deplorável caso que me contou o Sr. Martins, enfermeiro do antigo Hospital da Misericórdia de Gaia:

Numa calma e cristalina manhã, banhada de sol – era ainda adolescente, – tendo que fazer o habitual curativo, fui ao posto do enfermeiro-chefe. Este, depois de cuidar do ferimento, contou-me o seguinte:

Frade, do Seminário de Cristo Rei, compareceu acompanhado de sacerdote Redentorista, com os joelhos em estado lastimoso.

Constrangido, o sacerdote, contou concisamente, que o humilde discípulo de Afonso Maria de Ligório, ouvira no parlatório, que no Oriente havia sangrenta guerra.

Condoído, permaneceu de joelhos, durante horas, em piso irregular, em fervorosa oração, a ponto de lhe arrebentarem os joelhos.

O Sr. Martins – homem pouco crente, – ao contar-me a ocorrência, tinha os olhos embaciados, e notava-se pela voz apertada, que as palavras trancavam-se na garganta:

– “Ainda há gente boa! Avaliando o estado a que se encontravam os joelhos, posso calcular o lancinante sacrifício que o ingénuo homem fez, e as dores que sofreu.”

Enquanto oligarcas e políticos convivem em fausto, indiferentes à dor e necessidade dos povos, para satisfazerem vaidades e orgulho, ainda há gente humilde, recolhida em silencio, que sofre com cilícios e penitencias, esperando que a divina Previdência, alcance a paz e a concórdia entre os povos.

Humberto Pinho da Silva

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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