Nunca desde a sua fundação em 19 de Abril de 1973, em Bad Münstereifel na Alemanha, esteve o PS imerso numa situação de “fratricídio” como a que hoje vive. Pior ainda, um partido conhecido por, sempre zelosamente, “lavar a roupa suja” de forma interna, discreta e imperceptível para a sociedade, tem-no feito de forma estrondosa nas páginas dos jornais, nos ecrãs da televisão, e nas redes sociais.
O caso explica-se em poucas palavras. Ricardo Leão, dirigente socialista, presidente da Câmara Municipal de Loures eleito pelo PS (e presidente da FAUL, Federação da Área Urbana de Lisboa, cargo de que se demitiu, indo no entanto recandidatar-se ao mesmo), um município onde André Ventura já foi autarca eleito pelo PSD, e de onde saiu em ruptura com esse partido para pouco depois fundar o CHEGA, defendeu numa reunião pública o despejo de inquilinos que estão a viver em casas municipais, e se vejam envolvidos ativamente em distúrbios que provoquem a destruição de património público ou privado. PS e PSD uniram-se nessa reunião para aprovar uma recomendação do CHEGA nesse sentido.
Bom, caiu o Carmo e a Trindade, e alguns dos barões históricos do PS, liderados por António Costa, o inenarrável medíocre Pedro Silva Pereira (lacaio de Sócrates) e um tal José Leitão, aparentemente um dos fundadores do PS, que nem com o caso Sócrates alguma vez vieram a público criticar ou desmarcar-se do facto de o partido ter sido liderado por um alegado mercenário corrupto, que quis apoderar-se do país, apressaram-se a escrever um arrasador artigo de jornal, ao estilo de virgens ofendidas na sua honra, a arrasar Ricardo Leitão e todos aqueles que trataram de pôr água na fervura deste tema, a começar pelo atual líder do partido, Pedro Nuno Santos.
A frase assassina, dirigida diretamente aos dois, foi: “quando um dirigente socialista (Ricardo Leão) ofende gravemente os valores, a identidade e a cultura do PS, não há calculismo taticista (PNS) que o possa desvalorizar”. Dois coelhos mortos, de uma só cajadada, na praça pública.
Este artigo, que saiu no Público de 6 de Novembro, vai-lhes sair pela culatra. Sabemos que o CHEGA fez a proposta certamente ligada à mensagem trumpista que destila sistematicamente ódio contra “os imigrantes”, sem especificar que Portugal morria sem esta mão-de-obra que vem fazer na restauração, hotelaria, turismo e construção civil tudo aquilo que os portugueses já não querem fazer, pelo menos não pelos salários que os empresários portugueses querem pagar.
Para isso os tugas vão para essa Europa que lhes reconhece o valor, e lhes paga 3 e 4 vezes mais, sem que o custo de vida seja superior nessa proporção. Ou seja, emigrando, o tuga sabe que vai ficar longe das sardinhas e do chouriço até ao Verão, mas que vai viver melhor, e em poucos anos vai poder ter o carro sonhado, e começar a construir a casita na aldeia para quando vier para cá com a reforma simpática do país da UE para onde foi trabalhar.
Ricardo Leão não tocou em temas fraturantes como a côr da pele, a nacionalidade, ou o credo dos energúmenos e vândalos que queimam e destroem a propriedade pública e privada de terceiros, não falou sequer em imigrantes, não fez quaisquer declarações discriminatórias à luz do wokismo imbecil que infeta hoje o PS. Apenas apoiou (juntamente com o PSD) uma proposta do CHEGA no sentido de que os criminosos (sejam eles quem forem, isso aplicar-se-ia também ao neonazi Mário Machado certamente) que destroem propriedade pública ou privada, e vivem em casas municipais, pagas com dinheiro dos contribuintes, sejam despejados das mesmas (quando a lei assim o permita, digo eu).
Mas os três “pardais” do PS que escreveram o artigo levaram o tema para esse foco específico, dando às declarações do Ricardo “Coração de” Leão um cunho de libelo contra a imigração. Um tema tão, tão caro ao PS (e aos socialistas em geral, os espanhóis são vanguardistas no tema, porque vêem nos imigrantes, a quem dão benesses superiores às dos cidadãos nacionais, os futuros votantes neles), que se puseram a desfiar no artigo do Público o rosário de medidas que o PS foi fazendo ao longo dos anos de (des)governo, com que rebentou o país em tantas áreas, e nesta da imigração em particular nem se diga.
Se o PSD for inteligente (infelizmente, por hubris e arrogância, nem sempre o é) vai precisamente revisitar todas essas áreas mencionadas com orgulho idiota pelos dirigentes no PS no artigo do Público, para corrigir todas as tropelias e imbecilidades com que os socialistas legislaram em várias matérias relacionadas com a imigração:
– leis atributivas de direitos, sem quaisquer considerações dos correspondentes deveres associados,
– direito ao trabalho sem discriminação, seja lá o que isto quer dizer num país que nunca discriminou quem quer trabalhar,
– direito a prestações sociais, como o Rendimento Mínimo Garantido, que muitas vezes supera as reformas de cidadãos portugueses reformados, que descontaram 40 e mais anos para a Segurança Social,
– direito de acesso ao SNS,
– direito de acesso à habitação social, um tema em que uma vez mais os imigrantes passam à frente de cidadãos nacionais que pagaram impostos durante toda a sua vida
e, CÁ ESTÁ ELE, o que verdadeiramente lhes interessa:
– direito à participação nas eleições locais… Ou seja, vamos lá votar no PS, carneirada subsidio-dependente!
Além disso, o PS vangloria-se no artigo da grande reforma estrutural da Lei de Nacionalidade, segundo eles “sempre no sentido de melhorar as condições de inclusão dos imigrantes na sociedade portuguesa” (entenda-se, de ganhar eleitores para o PS), pela qual a nossa nacionalidade passou a ser vendida lá fora como os tremoços o são cá dentro, permitindo até que oligarcas russos a possam obter recorrendo a estranhas ligações a um suposto passado sefardita que lhe foram descobrir lá na sinagoga do Porto.
O rol de feitos heróicos do PS em prol dos imigrantes, perdão, dos futuros votantes no partido comprados com benesses insustentáveis financiadas pelos contribuintes portugueses, continua ainda por um bom bocado no artigo do Público de 6 de Novembro, cuja leitura OBRIGATÓRIA vivamente recomendo aos legisladores do PSD que terão agora que corrigir o descalabro herdado do PS nestas áreas relacionadas com a imigração.
Imigrantes sim, não sobrevivemos sem eles. Mas por favor com ordem, regras claras e que inclua algo que a esquerda sempre recusou tratar, os DEVERES associados aos DIREITOS que se dá a quem quer que seja, imigrante ou não. A titulo de exemplo, quem já esteve várias vezes à beira de ser atropelado por um TVDE em passadeiras, como eu, ou os viu fazer inversão de marcha com traço duplo contínuo, sabe que essa gente está a trabalhar com um instrumento que pode ser uma arma, um carro, quando conduzido por alguém que não conhece ou, se conhece, desrespeita o Código de Estrada português.
Quanto ao PS, partido do arco central de poder no qual desde o 25 de Abril fui votando esporadicamente também, em alternância ao PSD, sempre orientado pelo projeto para o país apresentado em campanha eleitoral, e pela figura do líder, nunca por uma preferência clubista de cor, símbolo ou ideologia, a minha recomendação vai no sentido de pôr ordem na casa, recatadamente, ou então vai-vos acontecer o mesmo que aos democratas nos EUA, os portugueses mandam-vos às malvas KAMALA feita…
José António de Sousa