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A decisão de voltar

Quando estava nos Estados Unidos, houve ali uma altura em que eu disse “quero ir para Portugal”! Não sei porquê, mas sentia no coração. O que é certo é que alguns meses depois viria a conhecer o meu marido.

É daquelas coisas que eu às vezes sinto. Comecei a sentir os Estados Unidos não é para mim. Não quero ferir nenhuma susceptibilidade, não tem nada haver com os Estados Unidos, fui muito bem tratada mas sentia que tinha que vir para Portugal.

Se calhar era a minha mãe a fazer muita pressão há não sei quantos anos. Decidi: “Eu vou”. E fiquei com um acordo com eles: continuei a publicar com eles, tínhamos reuniões semanais e tudo mais mas, mas eu estava no meu país. Queria lutar pelo meu país e, vinha com aquela ideia “Eu vou mudar o meu país”.

E mudei. Desde fazer o primeiro vídeo para a destigmatização da saúde mental nas escolas, a primeira academia intergeracional numa universidade, a primeira preparação psicossocial para a reforma, o primeiro grupo de trabalho de advocacy para políticas intergeracionais, a primeira plataforma online de dating para católicos.

Na Alemanha fui muito marcada por um projecto que se chamava “mulheres questionam mulheres”. O objectivo era promover o empowerment. As mulheres tornarem-se mais poderosas nas zonas rurais. E, portanto, formavam-se mulheres rurais, em aldeias, em competências de investigação e elas iam fazer as entrevistas a outras mulheres.

Foi um projecto giríssimo, deu num livro com as histórias de vida de mulheres. Foi fantástico. Eu gostei imenso e esse projecto foi uma parceria da Universidade com a Caritas. Achei muito curioso, inovador e muito à frente.

Para terminar, gostava de concluir dizendo: passei por seis países, conheci milhentas pessoas mas, se calhar o mais importante de tudo foi a minha insistência em manter as relações, quer de amizade, quer de trabalho. Eu acredito que todos os que passaram pela minha vida nestes seis países contribuíram para quem sou hoje. Acredito que tudo tem um sentido. Desde miúda sempre pensei numa carreira internacional mas nunca a imaginei assim.

Pelas palavras acho que já se aperceberam o que é que eu acho que foram as vantagens e desvantagens ao longo deste percurso. A nível de vantagens, acho que foram inúmeras, mesmo ao nível da geografia. Eu não sabia onde ficavam muitos países. Conheci pessoas de tantos países. E depois ia ver ao mapa onde é que era. Ao nível da política. Ao nível da gastronomia. Ao nível de adquirir uma sensibilidade intercultural.

É óbvio que sem os meus pais, sem minha família, sem os meus amigos próximos, isto seria impossível. Tive imensos desafios. Imensos medos. Tive que ultrapassar muitos medos. Por exemplo, a nossa casa na Suíça ficava numa zona fantástica mas tínhamos que percorrer um caminho para chegar ao autocarro. E quando eu tinha que trabalhar até mais tarde ia por ali cheia de medo. E ali não há a mamã ou o papá para me irem levar. Houve uma série de medos que eu tive de ultrapassar.

A nível de missão foi fantástico. De networking foi fantástico. E vocês vêem as ligações. Eu não tenho um pai psicólogo e fiz carreira na Psicologia. Tenho um nome na Psicologia. Internacional até.

Portanto, acho que foi fantástico ver estas pequeninas ligações. E agora olho para trás e sinto que além de um orgulho muito grande e, espero não ser muito vaidosa, a contar a minha história, sinto aquele orgulho de “Eu fiz tanta coisa, em tão pouco tempo.”

A grande desvantagem como devem calcular é estar longe da minha família e, continuo a estar longe dos meus pais. Eles vivem no Porto e eu em Lisboa. Mas, estou em Portugal.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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