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A casa dos degredos

"Os bêbados", de José Malhoa (1907)

Sei o que é um reality show e não gosto! Começou com o “Big Brother”, numa referência explícita ao líder do Estado totalitário da obra de ficção “1984”, de George Orwell, que tudo sabia, porque a todos espiava de forma permanente e omnipresente.

Foi um programa de experimentalismo social, muito ao gosto marxista, criado na Holanda em 1997, sob a forma de “programação” de entretenimento, que passou nas televisões de todo o mundo, mostrando a todos, numa dialéctica exibicionista e voyeurista (tenha-se presente que ambas são psicopatologias) – “a vida como (supostamente) ela é” -, numa campanha deliberada de normalização de muito do pior que a sociedade pós-moderna produziu.

Foram expostas, a todos os que quiseram voluntariamente assistir, adultos e crianças (estes últimos com ou sem supervisão dos pais): a superficialidade, a ignorância, a indigência intelectual, a competição prostituizante, a falta de decoro, a boçalidade, a idolatração da vulgaridade, a banalização da sexualidade, a quebra de tabus (como o incesto ou a poligamia, como aconteceu no Brasil, por exemplo), a promoção da promiscuidade e da homossexualidade, do hedonismo (a busca incessante e satisfação imediata do prazer físico), a desordem emocional e a violência gratuita.

Teve várias temporadas e mutações – “A Casa das Celebridades”, “A Casa dos Segredos”, “Love on Top”, etc. -, tendo, a mesma lógica de exposição pública, chegado a talk-shows como o “5 para a Meia-Noite”, onde aparecem regularmente figuras públicas, entre as quais dirigentes políticos.

Neste último, num registo descontraído de mesa de café, misturado com tiradas de humor, a apresentadora coloca algumas perguntas aos convidados que fazem lembrar o jogo “verdade ou consequência” de que me lembro da minha adolescência, e de que não gostava de todo.

Por lá passaram várias personalidades da vida política, sendo que, com habilidade e muita cautela, souberam sempre evitar as perguntas mais inconvenientes ou impertinentes da apresentadora.

No programa de 13 de Setembro, o convidado foi a presidente daquele que é o partido mais conservador com assento parlamentar em Portugal. As respostas dadas pela convidada foram motivo de destaque em vários jornais e revistas “cor-de-rosa”. E não foi por acaso.

Todos compreenderam que há algo que “não bate certo”, a menos que o partido que representa já não seja o mesmo, um partido democrata-cristão. Foi por isso motivo de perplexidade. E, certamente, foi recebido com a satisfação da esquerda dita progressista e do lobby LGBTQx.

A mim também causou perplexidade!

Porque não quero, nem aceito, que a minha casa política se transforme numa futura casa dos degredos, recomendo aos dirigentes nacionais, simplesmente, pudor e recato, virtudes bem cristãs, evitando todo e qualquer escândalo público, porque os valores que defendemos são perenes e intemporais e não se compadecem com modas, pragmatismo político-táctico e menos ainda com a aceitação da ditadura do politicamente correcto.

(O autor escreve em português correcto, não reconhecendo o AO 1990).

Mário Cunha Reis
Engenheiro e gestor
Conselheiro Nacional do CDS
Membro da Comissão Executiva da TEM/CDS

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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