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Seis gerações depois pão de Viana do Castelo entra no mercado da saudade

Seis gerações após ser criado, o negócio de fabrico de pão detido pela família de Pedro Sousa prepara-se para ir além do lugar onde nasceu, em Viana do Castelo, levando pão com “identidade” à Europa, ao “mercado da saudade”.

O fabrico de pão está na família do empresário desde 1841. Começou em Balugães, uma aldeia próxima de Viana do Castelo, e, em 1970, instalou-se no lugar das Neves, comum a três freguesias da margem esquerda do rio Lima, Vila de Punhe, Mujães e Barroselas.

Quis o destino que com a mudança, e alguns anos depois, Pedro Sousa viesse a conhecer a mulher, “nascida no mesmo dia, do mesmo ano e, também ela, filha de padeiros”.

A continuidade do negócio “está garantida”, afirma Pedro Sousa com “orgulho”: “Não quero ver as minhas duas filhas noutra indústria que não esta”.

A mais velha já trabalha na empresa depois de concluída a licenciatura em engenharia alimentar. Também já é técnica superior de higiene e segurança alimentar e está agora a fazer mestrado para assegurar as análises laboratoriais da empresa.

“A mais nova irá acompanhar a irmã assim que chegar a vez dela”, referiu.

Do lugar que dá nome à padaria das Neves, a fábrica vai sair da sede que atualmente ocupa para Mujães, “mesmo ali ao lado”. Com a mudança o negócio vai enfrentar “se calhar, o maior desafio de sempre”, o da internacionalização.

“O meu sonho, há muitos anos, é levar o nosso pão aos emigrantes, primeiro aos que estão na Europa e depois logo de vê. O nosso pão tem identidade, tradição, uma coisa só nossa”, afirmou.

A pequena padaria que a trisavó fundou há 177 anos e “onde só se cozia broa, porque o pão de trigo era um luxo ao alcance de poucos”, transforma agora “2.300 quilos de farinha por dia, produz cerca de 70.000 mil pães por dia, seis mil por hora, de 22 qualidades, em 77 formatos e pastelaria”.

“Cerca de 85% da produção é pão em massa para cozer nos terminais dos clientes que fornecemos, desde escolas, restaurantes, padarias, supermercados em quase todo o distrito de Viana do Castelo”, destacou o empresário que “sabe tudo” sobre o fabrico, mas que “nunca meteu a mão na massa”.

No novo espaço, num investimento “de capitais próprios” superior a 2,5 milhões de euros, a produção vai manter-se inalterada. E dentro de dois anos, avançará a ultracongelação para exportação de massa de pão para a Europa.

As novas instalações, a inaugurar no próximo dia 15 de abril, nasceram da reconversão do edifício da antiga adega cooperativa de Viana do Castelo, que entrou em insolvência em 2009.

“É um edifício com memória. Chegou a ter centenas de sócios. Era o motor económico de Mujães e de todas as freguesias vizinhas”, recordou o empresário que, em 2015, adquiriu o imóvel à banca.

“Não é fácil pegar num imóvel devoluto, completamente degradado e dar-lhe vida, novamente”, admitiu, ansioso por ver as novas máquinas a funcionar a partir do dia 27 de abril.

Entrou no negócio tinha 16 anos. Trinta anos depois diz que não se vê a fazer “absolutamente mais nada na vida”.

“Se um dia vendesse isto nunca mais passava aqui. Ponto final”, afirmou, referindo-se à fábrica onde tudo começou, com alguns dos trabalhadores, 28 no total, que hoje o acompanham.

O funcionário mais antigo reformou-se com 55 anos de casa. “Trabalhou para o meu avô, para o meu pai e reformou-se comigo. O filho já cá está há 30 anos”, disse. Pedro orgulha-se de os “conhecer um a um” e de ver neles “amigos”.

“Vou ao futebol com eles, vou jantar com eles. Aqui não há a vertente do patrão e do empregado. Há estabilidade”, referiu, apontando a “confiança” que deposita na equipa como “um dos segredos para o sucesso” da empresa.

“É preciso confiar nas pessoas. Dar-lhe autonomia. Não podemos cronometrar as pessoas. Isso é o chicote dos tempos modernos”, sublinhou.

Aos atuais 28 trabalhadores irão juntar, dentro de dois anos, mais 22 quando a produção incluir a ultracongelação de pão pré-cozido para exportação.

A nova fábrica “vai ser pioneira, no país, na utilização de um programa informático, gerido através do telemóvel, de fermentação controlada à distância”. O programa permitirá “otimizar o sistema produtivo e criar uma bitola de estabilidade na qualidade do pão”.

“Metade do pão que é vendido após as 17:00 de cada dia, é para consumir no pequeno-almoço do dia seguinte. Aí é que nos queremos fazer a diferença. Que o pão colocado à mesa das famílias tenha uma qualidade perto do ótimo”, frisou.

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