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Quase um ano depois, Espanha vai ter governo

Depois de mais de 300 dias de Executivo em funções, Espanha terá finalmente um governo, encabeçado por Mariano Rajoy, do Partido Popular. O líder conservador vai manter-se no Palácio da Moncloa graças aos votos favoráveis dos 137 deputados do PP e dos 32 representantes do Ciudadanos e à abstenção do PSOE. A mudança no voto dos socialistas irá acontecer na segunda votação parlamentar, que terá lugar a 29 de outubro.

A concretizar-se, será a primeira vez na história da democracia espanhola em que um candidato do PP consegue ser empossado presidente do governo espanhol com o apoio dos deputados do PSOE. A histórica decisão socialista foi tomada este domingo, no Comité Federal da formação, onde, após um intenso e renhido debate interno, a abstenção conseguiu 139 votos favoráveis, contra os 96 do “não” a Rajoy.

O resultado foi defendido pelo presidente da Comissão Gestora do PSOE, Javier Fernández, que afirmou, em conferência de imprensa, que a opção pretende “desbloquear a situação institucional” que Espanha vive há dez meses. Nos últimos dias, o responsável havia indicado em diversas entrevistas que a abstenção seria um “mal menor”, uma vez que permite evitar a realização de umas terceiras eleições potencialmente catastróficas para um PSOE dividido e sem liderança.

A outra possibilidade – tentar estabelecer uma aliança alternativa a Mariano Rajoy – caiu por terra no inicio de outubro com a saída do secretário-geral do partido, Pedro Sánchez. O líder foi forçado a renunciar ao cargo no meio de uma crise interna sem precedentes, após a demissão em bloco de metade da Comissão Executiva do PSOE.

Na base da fragmentação da família socialista está precisamente a divisão entre os dirigentes que, como Pedro Sánchez, defendem manter a postura do “não” a Rajoy e os que são favoráveis à abstenção, entre os quais se encontram pesos pesados do partido como a presidente da Comunidade Autónoma da Andaluzia, Susana Díaz.

A decisão tomada este domingo acontece, assim, num dos momentos mais difíceis da história do PSOE. É de prever, contudo, que a agonia do partido possa continuar, tendo em conta que a postura vencedora está longe de ser consensual no partido.

Embora o presidente da Comissão Gestora tenha dado a entender que a abstenção deveria abranger todos os deputados socialistas, muitos deles já fizeram saber que poderão rebelar-se contra a disciplina de voto.

Entre eles está o líder do PSC (o braço catalão dos socialistas), Miquel Iceta, que já indicou que a sua federação votará contra Rajoy, argumentando que a posição socialista ficaria “gravemente hipotecada” na Catalunha caso os seus sete deputados votassem favoravelmente a um governo do PP. Quanto à presidente das Ilhas Baleares, Francina Armengol, afirmou que os deputados insulares continuarão “a ser coerentes”, dando também a entender que pretende quebrar a disciplina de voto.

Questionado pelos jornalistas, Javier Fernández escusou-se, no entanto, a revelar que atuações tomará o partido no caso haver deputados insubordinados, indicando que não considera esse cenário.

Já o Podemos apressou-se a apresentar-se como partido líder da Oposição. “Nasceu a grande coligação”, escreveu Pablo Iglesias na sua conta de Twitter, sublinhando que o seu partido é agora a única “alternativa” a Rajoy.

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