Um workshop para cerca de uma centena de tocadores de bombo e uma arruada, este domingo pelo centro histórico em Amarante, conclui o III Congresso do Bombo.

Foi revelado que, dentro de um ano, será apresentada a candidatura “da prática dos Bombos” à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade (UNESCO – Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial – Convenção 2003).

“É uma forma de afirmação e de proporcionar ferramentas para afirmar a preservação. Em todo o caso, antes da preservação importa a valorização”, disse, Rui Júnior da Toca a Rufar, entidade que organiza o congresso.

O trabalho de casa deve estar concluído e apresentado dentro de um ano, no IV Congresso do Bombo que decorrerá, no Seixal, a 24 e 25 de novembro de 2018.

A preocupação da candidatura lusa, passa por afirmar a valorização da “prática dos Bombos”. No mapeamento já realizado chegou-se à conclusão que a prática do bombo estende-se de norte a sul do país e à diáspora portuguesa na Austrália, Estados Unidos, Alemanha e França.

Na zona de Amarante “a prática dos Bombos” distingue-se “pela bravura da forma como o bombo é tocado.

“Era a grande competição que envolvia todas as aldeias de uma vasta área em torno de Amarante. É essencialmente uma prova de resistência física, onde as pessoas estavam disponíveis para tocar horas e horas a fio. Há muita gente que fala disto como os bravos. A questão não é só fazer bem. Ou sem bom ritmicamente, como músico. É preciso ter muita resistência física e psicológica para aguentar uma pulsação, a mesma do principio ao fim, por mais esgotados que estejam”, contextualiza, Vasco Monterroso, musico do grupo Andarilhos.

O musico, que desenvolve a sua atividade na recolha e recuperação das raízes da musica tradicional, lembra que “ainda hoje se estão a formar pessoas com esse tipo de condição. O que acontece é que hoje em dia, perdeu-se a memória do porquê de tudo isso. O porquê de considerar que uma terra é mais valiosa sempre que apresenta rapazes, novos, capazes de percutir horas seguidas mantendo a postura, o ritmo, mantendo no fundo a perseverança”, conclui.