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Portugueses na Venezuela temem represálias nas eleições afirma conselheiro

Os portugueses radicados na Venezuela têm manifestado aos conselheiros das comunidades portuguesas que temem eventuais represálias, quer participem ou não nas eleições presidenciais previstas para domingo, disse hoje o conselheiro Fernando Campos.

“Os eleitores não têm confiança neste processo. As pessoas não sabem se o voto é seguro, se realmente é secreto. Essa preocupação faz as pessoas duvidarem se é bom ou mau votar. (…) Realmente é uma situação muito complicada”, disse à agência Lusa.

Fernando Campos explicou que “não vota” porque não é eleitor e não tem nacionalidade venezuelana, “mas se o tivesse que fazer teria que pensar seriamente”.

Ou seja, “penso que se deve votar (…), mas neste contexto político atual em que está a Venezuela é um bocado difícil tomar uma decisão. Eu respeito profundamente as pessoas que vão votar, assim como respeito aquelas que não vão”, disse.

Por outro lado recordou que o Presidente Nicolás Maduro já se dá como vencedor do processo e que no passado chegou a ser divulgada a “lista Tascón”, que continha dados das pessoas que subscreveram um referendo revogatório do mandato do ex-presidente Hugo Chávez.

“Neste momento também há essa preocupação. Vai-se saber claramente se as pessoas votaram ou não e pode haver ações contra as pessoas que não votaram”, referiu.

Segundo o conselheiro, esta “é uma situação que está latente”, já que “os cadernos eleitorais vão ser tornados públicos”.

No passado, aqueles que foram identificados sofreram consequências, porque deixaram de ter acesso ao CADIVI [autorização para aceder a divisas para viajar e fazer importações, devido ao controlo cambial] e também não podiam assinar contratos com o Estado”, frisou.

Segundo Fernando Campos, também “podem haver represálias de ambos lados”, dos partidos que apoiam o regime e dos que alinham com a oposição.

“No contexto político atual podem existir represálias de ambos lados. Temos que que nos lembrar de que a oposição também está dividida. Há uma oposição que diz que há que ir votar e há outra que diz que não”, destacou.

Quanto ao futuro, o conselheiro diz que a curto prazo não haverá mudanças na situação venezuelana e que talvez haja uma radicalização do processo revolucionário liderado pelo Presidente Nicolás Maduro, resultando no agravamento da situação social e económica.

“A situação económica do país é insustentável” e “este Governo vai ter dificuldades em continuar a aplicar (…) os programas de assistência governamental”, frisou.

Quanto à oposição venezuelana, define-a como “muito diversificada”, tendo “partidos com tendências de direita, de esquerda, de centro direita, de centro esquerda”, mas neste momento focada em retirar “estas pessoas do Governo”.

No dia que alcancem esse objetivo “vai dividir-se” e “cada um lutará pelo seu pelouro”, analisou.

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