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Os franceses já chegaram às Caldas

Patrício Pereira, mais conhecido como “o Patrick da praça das Caldas”, é filho de emigrantes. Saiu de França com 12 anos e há muito que é um agricultor que vende de manhã o que cultiva na sua horta em Óbidos, conta a rádio TSF.

Nos últimos tempos, já depois dos 50, viu uma oportunidade de negócio: para a sua banca no mercado ao ar livre das Caldas da Rainha trouxe um avental e um cartaz onde escreveu “ici on parle français” (“aqui nós falamos francês”).

Uma vantagem competitiva para este vendedor de legumes na “guerra” com a concorrência numa altura em que por ali, nas Caldas da Rainha, e até na sua aldeia, no concelho de Óbidos, vê cada vez mais franceses.

A poucas centenas de metros da praça das Caldas vamos ter com Jean Pierre Hougas no primeiro andar do posto de turismo numa sala cedida pela câmara para receber os franceses que procuram ajuda na integração em Portugal.

Por ali trata-se de tudo um pouco: imobiliárias que procuram clientes franceses e querem uma parceria com a associação; mas sobretudo franceses recém-chegados ou que aterraram há alguns meses e têm pequenos problemas burocráticos naturais entre quem muda de casa ou de país (água, luz, bancos, carro, etc.).

Jean Pierre é o presidente da secção da União dos Franceses no Estrangeiro para a zona Oeste de Portugal, uma representação criada no início do ano quando já se notava o fluxo de franceses à região.

Há franceses em vários concelhos da zona espalhadas por vários concelhos como Caldas da Rainha, Óbidos, Lourinhã. Vários vivem, por exemplo, na Foz do Arelho, em São Martinho do Porto ou na Areia Branca.

Em janeiro a União tinha 80 sócios na região. Agora já são 230, mas estima-se que já vivem no Oeste entre 500 a 600 casais de franceses (ainda abaixo dos valores que se registam em Lisboa ou no Algarve).

Mas na aldeia onde vive e noutras que conhece perto de Óbidos, “o Patrick da praça das Caldas” vê cada mais “caras novas” que também lhe aparecem na banca de legumes: “quatro ou cinco casais por dia e mais ao sábado que é o dia mais concorrido” neste mercado ao ar livre.

Didier e Isabelle são um casal e ainda não estão reformados. Contudo, já faltam poucos anos pelo que compraram casa em São Martinho do Porto, uma zona com uma grande (e crescente) comunidade francesa.

Tudo começou depois de verem um programa na televisão onde se falava de Portugal. Foram à internet, estudaram casas, planearam a viagem, vieram, adoraram “o mar, o sol, o vinho…” De Portugal e da região Oeste gostam de quase tudo.

Outro casal que aparece uns minutos depois é Patrick e Cristianne. Os dois têm 65 anos e já vivem em Portugal desde junho depois de décadas a residirem em França numa zona fria perto da fronteira com a Alemanha.

Antes de comprarem a sua casa em Nadadouro, perto da Foz do Arelho, fizeram uma viagem de norte a sul mas não gostaram nem de Lisboa nem do Algarve. A cidade é demasiado confusa; o Algarve tem muitos turistas.

Chegaram à zona mais a Sul de Portugal, lembraram-se da Foz do Arelho onde estiveram primeiro e voltaram para trás.

Jean Pierre Hougas, o presidente da união dos franceses na região, sublinha que quem vem para aqui são pessoas que procuram o sossego, a segurança e o convívio com os vizinhos, algo que já não encontram em França.

Ao mesmo tempo, ficam a uma hora de Lisboa, a poucos minutos de vilas ou médias cidades, mas também perto de castelos, conventos, cidades com história (Tomar, Batalha, Alcobaça…), do campo e de muitas praias (sem o calor do Algarve e sem a confusão da capital).

Muitos, explica Jean, vendem a casa em França por 200, 300 ou 400 mil euros e vêm para o Oeste onde compram outra igual ou melhor por pouco mais de 100 mil. O lucro, usam-no para “viver a vida” num país onde é quase tudo muito mais barato.

O representantes dos franceses no Oeste dá um exemplo: “ontem fui a Vieira de Leiria [concelho da Marinha Grande] e comprei figos por um euro e meio. Em França seriam cinco euros… Não tem comparação!”, sublinha.

Com um sorriso quase infantil, Patrick confessa que as isenções fiscais e a segurança também ajudam na decisão de vir, mas o que mais gosta no Portugal “calmo, descontraído e cool” que encontrou no Oeste é que lhe faz lembrar os (bons) tempos em que era criança.

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