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O Espanta Espíritos

Alinhando em toda a fantasia dos últimos dias e acreditando que o desejo de muitos Praienses de ter um cais de cruzeiros na cidade se realiza em pouco menos de dois anos, convém começarmos a pensar na fase seguinte. Estamos preparados para receber um volume acrescido de turistas? O que temos para lhes oferecer? Já pensamos se queremos alinhar numa onda de turismo lowcost? Ou se queremos que o turista pague o valor justo por visitar a Praia da Vitória, por provar a nossa gastronomia, desfrutar das nossas tradições e visitar as nossas belezas naturais? Conseguimos fazer com que estas pessoas permaneçam na cidade mais que duas horas?

Julgo ser importante conseguirmos retê-las tanto tempo quanto necessário para se sentarem a almoçar, lanchar e até jantar nos nossos restaurantes, cafés e bares. Quando afirmei que não podíamos criar medidas avulso e desconexas era disto que falava: sim, queremos um cais de cruzeiros; sim, queremos turistas na cidade. Mas que isto seja inserido num plano estratégico de turismo para o concelho.

Como estão os nossos museus? Que horários são praticados? Porque não pensar na pertinência da criação de um museu militar? Ser porta de entrada numa ilha, também pelo mar, acarreta uma enorme responsabilidade. Não podia estar mais de acordo que um projeto desta dimensão deva ser concertado com as instituições e forças vivas do concelho. Empresários e comerciantes, responsáveis pelos transportes – estão os nossos transportes coletivos preparados para dar resposta? E as nossas forças de segurança? Os serviços disponibilizados pela autarquia estão a funcionar e praticam horários que promovam o bem-estar das pessoas na cidade? Mais: apostar no turismo religioso, uma vertente interessante e muito por explorar. As nossas igrejas estão abertas? Os nossos impérios estão inseridos num roteiro? Apostar no turismo desportivo, aumentando o leque de oferta de desportos náuticos, uma janela de oportunidade para que algumas empresas do setor se fixem no concelho. O campeonato do mundo de Windsurf é um exemplo excelente, que continue cá. Apostar na promoção de outras modalidades nas quais também damos cartas. O turismo rural, outra aposta ganha, o setor primário é outra atração para quem nos visita – há turistas que pagam para ir pescar e outros que pagam para tirar o leite da vaca. As nossas piscinas naturais. O turista não pode sair da ilha sem provar o verdelho dos Biscoitos e as azeitonas do Porto Martins.

Assim, entendo que o caminho não deve ser o de construir resorts de luxo, e transformar isto num destino altamente massificado como as Canárias, por ex., que vivem de e para o turista. É necessário adaptarmo-nos, sim, mas também sabermos “educar” quem nos visita. Urge delinear uma estratégia que envolva todas as entidades do concelho, só assim vamos conseguir dar resposta a este enorme desafio. Mas isto não se coaduna com anúncios feitos à pressão, a dois meses das eleições.

PS: De que espíritos, que poderão travar o projeto do cais de cruzeiros, fala Roberto Monteiro? Será do seu pseudo-delfim? O espírito que o acompanha e que pouco ou nenhum palco lhe tem dado? Ou o espírito de si próprio, que já começa a atrapalhar o futuro do candidato escolhido pelos socialistas, uma vez que, a dois meses das eleições, nem este projeto foi capaz de lhe ceder. Falará dos espíritos que se passeiam pela Rua de Jesus abaixo, fruto da gestão do seu executivo camarário, que foi uma verdadeira assombração? Ou falará ele do espírito que paira sobre a sua relação com o Governo Regional, que “espera” estar comprometido com este projeto? O Cais de Cruzeiros deverá ser uma das medidas de um importante pacote que coloca a Praia da Vitória no roteiro do turismo mundial. Acredito que a aposta num conjunto de medidas integradas para o setor será uma aposta que espantará os espíritos que pairam sobre a cidade.

PS2: Não nos esqueçamos, Praienses, que o mesmo estudo que nos dá uma margem de erro de 10 milhões de euros de investimento, é o que nos dá a certeza de 30 postos de trabalho…

 

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