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O adeus ao segredo bancário na Suíça

A Suíça, líder indiscutível na gestão das fortunas privadas de clientes estrangeiros, despediu-se esta segunda-feira do seu até agora sagrado segredo bancário, que lhe permitiu atrair durante décadas todos os que tinham muito dinheiro e queriam fugir ao fisco.
Famosa pelo seu sistema financeiro impenetrável a tentativas de terceiros em aceder a dados dos clientes, a Suíça, sob forte pressão internacional nos últimos anos, começou já a reunir dados bancários dos clientes estrangeiros no âmbito do intercâmbio automático de informação acordado com os 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), divulgou o Dinheiro Vivo.
Embora o sistema só comece a funcionar em 2018, na prática o país enterrou já o segredo bancário, uma vez começou a dar os primeiros passos para recolher a informação que irá enviar. É um passo doloroso para um país que sempre se orgulhou do seu segredo bancário, que data de 1934, apesar dos escândalos do ouro nazi escondidos nos cofres dos seus bancos ou dos milhares de milhões depositados por ditadores em contas suíças.
“Não me parece bem. O intercâmbio automático de informação bancária vai obrigar a revelar os dados dos clientes dos bancos, que era uma bandeira da Suíça”, diz Samuel Müller, um engenheiro de 66 anos, citado pela agência Efe.
A Suíça é a campeã indiscutível da gestão de fortunas privadas de estrangeiros, com uma quota de 25 % do mercado mundial deste negócio, de acordo com os números da Associação Suíça de Banqueiros (ASB). Gere fortunas no valor de 6,1 mil milhões de euros, metade dos quais provenientes do estrangeiro.
O setor financeiro representa 9,3 % do PIB suíço e a banca é responsável por 167 000 postos de trabalho.
Simone Fischer, auxiliar de Farmácia de 38 anos, compreende o argumento das Finanças dos outros países que querem evitar que os ricos escondam o seu dinheiro em contas suíças, mas lamenta “que tenha sido a pressão internacional a obrigar o país a levantar o segredo bancário”.
A Suíça evitou durante muito tempo entregar aos EUA os dados dos norte-americanos com depósitos nos bancos suíços. Mas quando o quando o Departamento de Justiça dos EUA ameaçou o UBS com acusações criminais por evasão fiscal e lavagem de dinheiro e ameaçou retirar-lhe a licença bancária, teve de render-se. Era improvável que o UBS sobrevive-se à guerra judicial e a Suíça não podia permitir que um dos bancos mais importantes para a sua economia fosse à falência. Em 2009 acabou por entregar os dados de 4450 clientes norte-americanos, o princípio do fim do sigilo bancário.
A partir de 2018, as Finanças os diversos países da OCDE já não serão obrigados a solicitar dados específicos sobre contas dos seus cidadãos; a informação será entregue anualmente de forma automática. Com uma exceção: a Suíça, pelo menos por enquanto, continua a negar-se cooperar com base em dados, como o Swissleaks.

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