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Não nos roblem

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A “taxa Robles” é realmente um disparate que só pode ser rejeitado liminarmente, mais que não seja porque já existe sob a forma de um imposto de mais-valias que tributa a diferença entre o preço pelo qual se vendeu um bem e o preço pelo qual esse bem foi comprado. Não pode haver maior disparate do que querer cobrar duas vezes dinheiro à mesma pessoa, pela mesma coisa. Nessa medida, o CDS não está de acordo com o PSD.

Mas a “taxa Robles” é também exatamente aquilo que parece. Um ato desesperado de fuga para a frente do BE, que denunciado publicamente na sua verdadeira natureza pelo vereador antigentrificação mais devotado à especulação imobiliária do mercado, apoiado publicamente por Catarina Martins, que fez das fraquezas de Ricardo Robles a doutrina de todo o partido, tenta agora controlar danos, apostando outra vez na venda de “gato por lebre”. O grande problema do BE é que aqui chegados, já não engana ninguém.

Vale isto para o comportamento do BE em relação ao PS que apoia para se manter no poder, mas contra quem se vê forçado a encenar fraturas, porque para seu drama, o parceiro na “geringonça” será adversário nas eleições europeias e legislativas de 2019. Assim se percebem divergências impossíveis em relação àquilo que o BE rigorosamente aprovou, num exercício de transmutação política que se tem de reconhecer notável e digno de estudo. É mais ou menos como abominar o capital, mas ter Francisco Louçã a conselheiro do Banco de Portugal.

Numa intervenção recente, Marisa Matias lançou uma daquelas frases cheias de alegorias que dão muito jeito quando se quer fixar a atenção num ponto. Disse que “Mário Centeno não entrou para o Eurogrupo, o Eurogrupo é que entrou em Mário Centeno”, e rematou: “O Eurogrupo nunca saiu de Centeno”. Percebe-se que António Costa tenha sido poupado. Num casamento de conveniência sólido, não se belisca quem manda mais, sendo que Mário Centeno também se presta ao papel, com menor risco.

Acontece que Mário Centeno só é ministro das Finanças, com Eurogrupo dentro ou fora de si, porque o BE quer. Em 2015 o BE entrou no PS e o PS entrou no BE. E em conjunto levam o ministro das Finanças juntinhos no coração.

Cada medida que o BE faz de conta não gostar, só existe em Portugal porque o BE votou favoravelmente. Foi assim com o preço dos combustíveis e com as cativações de milhões nos serviços públicos aprovadas nos OE para 2016, 2017 e 2018, que trouxeram à saúde, aos transportes e a tanto mais o colapso dramático que agora se vive.

As coisas são rigorosamente assim. E só não vê quem não quer.

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