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O seu labrador pode ajudar a combater a ansiedade

José Filipe Costa, que estuda Medicina na Universidade do Minho após um cão labrador o ter ajudado a diminuir os seus ataques de ansiedade, estagia agora numa associação de cães de assistência no Porto para perceber as capacidades desses animais.

José Filipe Costa, que reside em Famalicão, enfrentou desde criança ataques de ansiedade que lhe “dificultavam a respiração e provocavam vómitos” até que um dia uma oferta lhe fez surgir em casa o Bóris, um cão da raça Labrador então com cinco meses de idade, contou o estudante à agência Lusa.

Bóris entrou nas brincadeiras do jovem que estava então no 10.º ano de escolaridade e era “vítima de uma depressão” a que “nem as consultas de psicologia ajudavam muito”.

“Ele surgiu de forma espontânea. Nos meus tempos livre comecei a passear com ele e apercebi-me de que ficava gradualmente mais relaxado e bem-disposto”, confessou José que, chegado ao 11.º ano, viu as notas subirem de 15 para 19 valores.

Na passagem para o 11.º ano “essa permanência com o Bóris mais a medicação reduziu-me os ataques, passando a estar mais concentrado nas aulas. Foi uma mudança brutal”, relatou.

Quando passou a residir em Braga nos dias úteis, após entrar na Escola de Medicina na Universidade do Minho, os problemas de ansiedade do José voltaram. Mas não por muito tempo.

A exigência do curso – por vezes tem de ficar no fim de semana em Braga – fez “regressar o problema da ansiedade” a José, que tem “também dificuldades para estudar”. Mas, “uma hora depois de chegar a casa e passear com o cão, ficam ultrapassados”.

Aproveitando a opção que o curso lhe faculta de, no âmbito do projeto de opção no 1.º ano, escolher uma área que lhe “possa ser útil”, José foi atrás de uma “epifania”.

Uma pesquisa na Internet fê-lo descobrir a associação Ladra Comigo e a terapia com cães de assistência.

“Neste estágio procuro saber se, para outras pessoas, estar com estes cães tem o mesmo efeito”, explicou o estudante, para quem “poder lidar com um registo variado de indivíduos – de idosos a crianças, e deficientes mentais com várias síndromas – vai permitir uma aproximação à sua realidade futura”.

E exemplificou-o: “Na segunda-feira estive a medir a tensão arterial a pessoas com défice mental – e treinámos isso na Faculdade, mas é entre nós – enquanto neste estágio trata-se de pessoas que não param quietas e uma realidade que teremos de enfrentar quando formos médicos”.

“Repetidas as medições após a terapia com os cães, os valores mostraram que as mesmas pessoas estavam mais calmas”, salientou do primeiro dia de um estágio que se prolonga até 03 de junho.

Clara Cardoso, uma das terapeutas da Ladra Comigo, explicou que a associação “está em várias instituições com diferentes tipos alvo e patologias distintas”, pelo que ao longo do estágio José Filipe Costa “vai poder ver, na prática, os resultados do trabalho de estímulo com os cães”.

E com o José interessado em aprender com os cães a “dar a atenção às pessoas”, destacou que por vezes “a situação psicológica destas é dramática”, sendo que algo que o “ajuda a perceber isso é avaliar a gravidez psicológica das cadelas”, particularidade corroborada por Clara Cardoso.

“Anualmente, acontece isso com uma das minhas cadelas! Fica até com leite nas maminhas e escolhe um sítio onde supostamente esconde os seus filhos”, revelou.

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