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“J’ai peur de savoir lire” de Olivier de Solminihac

Ficha técnica

TítuloJ’ai peur de savoir lire

Autor – Olivier de Solminihac

Editora – L’école des Loisirs

Páginas – 72

 

Opinião

Sempre que me junto à mesa com alguém que tem conhecimento do meu lado de leitora assumidamente compulsiva, é normal que o tema de conversa recaia em leituras, partilhas de dicas e de experiências.

Há umas semanas atrás, enquanto saboreávamos um almocinho de trabalho e falávamos sobre as leituras que partilhamos com os respetivos filhotes, uma colega contou-me que todas as noites lia para os dois filhos, que eles reclamavam se ela não o fizesse. É óbvio que de imediato lhe respondi com um sorriso e um brilho nos olhos e, perante essa reação, a colega disponibilizou-se em emprestar-me dois desses livrinhos que foi lendo para os filhos e que lhe haviam tocado de forma especial.

Uns dias depois tinha esses livrinhos cá em casa e não deixei que o facto de estarem escritos em francês (uiiiii, onde andava o meu francês, há tanto tempo arrumadinho nas gavetas da memória…) me travasse a vontade de saboreá-los.

Comecei pelo mais pequenino, pelo que tinha menos páginas e menos texto. Senti-me orgulhosa de mim mesma porque entendi tudo o que li – a tarefa também não era muito complicada, já que as ideias repetiam-se, como é habitual num livro infantil, adequado a idades precoces. Mas, para além do orgulho, senti principalmente ternura, carinho e uma vontade enorme de encher de mimos um ursinho (que bem podia ser um menino pequenino) que sofre as “agruras” do crescimento e tem que deixar para trás o brinquedo que mais amava:

Le destin d’un petit ours est de grandir et de devenir un grand ours. Le destin d’un petit bateau est de rester un petit bateau.”

Uns dias mais tarde aventurei-me no segundo livro, aquele que tem como protagonista um rapazinho que está a ter alguns problemas com o seu rendimento escolar. Para tentar remediar a situação, a sua mãe tenta convencê-lo de que ler é saber mais, de que um livro, de que uma história contada num livro pode não só proporcionar uma companhia deliciosa como pode igualmente alargar os nossos conhecimentos de ortografia, de vocabulário e de outras matérias. Ora, como mãe e como mãe leitora e apologista de leituras partilhadas com os filhos identifiquei-me por completo com a progenitora do protagonista, com as estratégias que ela usa para que Stéphane ganhe o gostinho pela leitura e para que posteriormente seja capaz de embarcar na descoberta de qualquer história sozinho.

Senti desta vez mais dificuldades em desbravar o texto em francês, mas o essencial ficou. A história é deveras sublime, contadinha como só o sabem contar autores que escrevem para os mais pequenos e que têm o dom de, em poucas palavras, transmitirem os mais sábios ensinamentos. É por isso que continuarei a saborear com todo o deleite qualquer obra infantil que me caia nas mãos.

Deixo-vos alguns fragmentos que me tocaram:

Elle dit: Comment on fait, maintenant? On li un chapitre chacun? Un paragraphe chacun? Ou une phrase?” (Como isto me soa familiar J)

Maman dit que la lecture c’est une question d’endurance, comme faire de la natation ou du vélo ou du dessin: plus on en fait et plus c’est facile d’en faire.”

Grandir, c’est apprendre a devenir seul.” (Mais uma vez, as agruras do crescimento…)

Le livre a commencé à me captiver. Je suis prisionnier(…)”

Le livre et moi, on a ce secret ensemble.”

Resta-me agradecer (e muito) à Susana e sobretudo aos seus filhotes:

Merci, João! Merci, Rafael!

NOTA – 10/10

Sinopse

(J’ai peur de savoir lire)

Le CE2, c est sérieux. Il y a ceux qui sont forts en calcul, comme Sofia, qui a avalé une calculatrice quand elle était petite. Il y a ceux qui sont forts en tout, comme Georges-Louis, qui va bientôt donner des cours à la maîtresse.

Et il y a Stéphane, qui a envie d avoir de bonnes notes, qui est d’accord pour bien faire ses devoirs, pour devenir fort en calcul, pour apprendre la signification de mots aussi compliqués que cobalt et tungstène, et pour lire tous les livres qui sont sur son étagère. D’accord pour tout cela, oui, mais pas sans sa maman.

in O sabor dos meus livros

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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