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Ganhou as eleições mas não quer ser burgomestre por só ter a quarta classe

Um emigrante de Vila Pouca de Aguiar ganhou as eleições municipais em Bettendorf, no Luxemburgo, um feito histórico para os portugueses no país, mas decidiu que não vai assumir o cargo por receio de não estar à altura. José Vaz do Rio, que ganhou no domingo as eleições, decidiu renunciar ao cargo, assumindo em vez disso o segundo lugar no executivo camarário, o de primeiro vereador.

A quarta classificada, a advogada Pascale Hansen, foi nomeada burgomestre, durante a primeira reunião da autarquia para formalizar as nomeações, foi anunciado em comunicado.

O português, que tem dupla nacionalidade, disse à Lusa que a decisão “é para o bem da autarquia” e invocou “várias razões”.

“Eu só tenho a quarta classe. É preciso sabermos ocupar o nosso lugar”, disse o emigrante, de 61 anos, que também alegou dificuldades com o luxemburguês, a língua em que se desenrolam as reuniões do executivo camarário.

“Escrever luxemburguês seria um ‘handicap’ para mim, e em encontros com outros burgomestres ia ter dificuldades”, afirmou. “Ia ser feio daqui a uns meses dizerem-me que não sou capaz e mandarem-me embora”, acrescentou.

José Vaz do Rio garantiu à Lusa que tomou a decisão de “livre vontade”, depois de se aconselhar com a família.

Apesar de não assumir o cargo de burgomestre da pequena localidade – o que seria uma estreia no Grão-Ducado para um português -, o emigrante considera que já conseguiu uma vitória.

“Foi uma vitória para mim e para os portugueses, é verdade. Mas [o cargo de primeiro vereador] também é um posto muito importante e para mim já é uma grande coisa”, disse.

No domingo, José Vaz do Rio venceu as eleições municipais em Bettendorf, com 588 votos, deixando em terceiro lugar o anterior burgomestre, Albert Back, com 553 votos.

O emigrante já era conselheiro municipal em Bettendorf desde 2011, altura em que foi o quinto mais votado.

Nessa altura ainda só tinha o passaporte português, tendo obtido a nacionalidade luxemburguesa há um ano.

O emigrante, que tem dupla nacionalidade, estudou luxemburguês durante seis anos, nos cursos noturnos organizados pela autarquia.

“Compreendo cem por cento e falo 80%. Agora vou ter de treinar”, afirmou à Lusa no domingo, pouco depois de ser eleito.

Natural de Raíz do Monte, Vila Pouca de Aguiar, o português chegou ao Luxemburgo em 1970 e está reformado há quatro anos, depois de ter trabalhado na fábrica de pneus da Goodyear.

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