O Pop Galo, o gigantesco galo de Barcelos em azulejo e luzes LED, criado pela artista Joana Vasconcelos acendeu-se este domingo na maior zona artística de Pequim, determinado a ‘iluminar’ a imagem de Portugal na China.

“Viemos apoiar a imagem do nosso país”, afirmou Vasconcelos à agência Lusa, ainda durante a montagem da escultura no ‘798′, um antigo complexo industrial de 50 hectares cujas instalações acolhem centenas de galerias, lojas e cafés.

Um ecrã gigante e faixas estendidas nas ruas do complexo, situado no norte de Pequim, endereçam por estes dias o convite “Visit Portugal”, ilustrado com imagens alusivas ao país.

Com 10 metros de altura, 3,5 toneladas, nove quilómetros de cabos e quase 16 mil LED, o Pop Galo é revestido por milhares de azulejos, cortados à mão.

A obra viajou desde Portugal de barco, dividida em peças, e a sua montagem demorou três dias a ser concluída, num trabalho executado em conjunto por trabalhadores portugueses e chineses, apesar das dificuldades em comunicar.

“Tudo aquilo que nós faríamos naturalmente no nosso ateliê conseguimos fazer aqui com uma equipa que não fala inglês”, descreveu Joana Vasconcelos.

“Às vezes, as línguas não são coincidentes, mas os gestos e boa vontade fazem com que as coisas aconteçam”, disse.

A obra de Vasconcelos foi originalmente criada para assinalar a amizade entre Portugal e o Rio de Janeiro, aquando da comemoração dos 450 anos da fundação da cidade brasileira, mas acabou por viajar até à China, onde decorre o Ano Lunar do Galo, um dos 12 animais do zodíaco chinês.

“A prosperidade e a seriedade estão sempre associadas ao galo. Nas duas culturas isso é coincidente”, considerou a artista.

Joana Vasconcelos lembrou ainda que o “cruzamento entre o ‘craft’ e a tecnologia” presente na obra “é coincidente com a cultura tradicional e contemporânea da China”.

“Esta peça mistura o ‘craft’ e o orgânico, aquilo que nós conhecemos como cerâmica, porcelana, está presente neste galo. Depois há o aspeto da tecnologia LED, que nos traz para a China contemporânea, em que a luz é muito utilizada”, explicou.

Presente na inauguração esteve também o ministro português da Economia, Manuel Caldeira Cabral, que viajou até à China para participar no Fórum BOAO, conhecido como ‘Davos asiático’, na ilha de Hainan, extremo sul do país.

“A longa viagem que o galo fez entre Portugal e a China representa a nossa vontade de construir pontes com a China”, afirmou Caldeira Cabral.

A China é, desde 2011, o maior mercado emissor de turistas do mundo.

Em 2016, um total de 183.000 turistas chineses visitaram Portugal, um acréscimo de 20% face ao ano anterior, gastando 80 milhões de euros.

O país asiático tornou-se ainda, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações nas áreas da energia, dos seguros, da saúde e da banca.

Portugal, contudo, “não é muito conhecido na China”, notou o embaixador português em Pequim, Jorge Torres-Pereira.

“Mas de cada vez que há um evento como este envolvendo o meu país, é como se fosse lançada uma pequena pedra para um grande lago, onde esperamos que as ondas que aí se repercutem captem a atenção para as coisas portuguesas e a curiosidade em visitar Portugal”, afirmou.