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Christophe Fonseca realiza documentário sobre Camille Pissarro

O Museu do Luxemburgo, em Paris, vai exibir uma mostra do pintor impressionista Camille Pissarro, centrada nos seus últimos 20 anos de vida, período menos conhecido da vida e obra do artista, três décadas depois da última retrospetiva. Desde a retrospetiva de 1980-1981, apresentada há trinta e cinco anos nas Galerias Nacionais do Grand Palais, que nenhuma outra grande exposição de obras de Camille Pissarro foi realizada em Paris.

Enquanto isso, o pintor impressionista foi ganhando destaque no Japão, na Alemanha, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.

Este foi um período em que a investigação conheceu consideráveis avanços, nomeadamente com a publicação de cinco volumes de correspondência de Pissarro, o inventário da maior coleção de desenhos do Museu Ashmolean, em Oxford, e com o monumental catálogo das suas pinturas, organizado pelo Instituto Wildenstein, em Paris.

O ano de 2017 marca assim o retorno do mais antigo pintor do grupo impressionista na cena parisiense.

Em paralelo com a retrospetiva no Museu Marmottan Monet, que começa em fevereiro, a Reunião dos Museus Nacionais (RMN) – Grand Palais organiza no Museu do Luxemburgo, a partir de 16 de março, uma exposição com uma abordagem centrada nas últimas duas décadas de carreira pintor.

Tendo-se fixado na aldeia de Eragny-sur-Epte, Pissarro desenvolveu uma espécie de utopia que se percebe tanto pelos seus quadros como pelo seu compromisso político.

No âmbito desta exposição, o realizador lusodescendente Christophe Fonseca, autor do documentário “Amadeo de Souza Cardoso: O último segredo da arte moderna” prepara um novo filme, que se estreia em março, em França, sobre Pissarro e as suas origens portuguesas, visto que o pai do pintor era um judeu português, de Bragança, que emigrou para Bordéus para fugir à Inquisição, no início do século XVIII.

O conjunto desta exposição inclui pinturas, desenhos e gravuras tão espetaculares quanto desconhecidos, criados em Éragny, durante um período de vinte anos.

O artista instalou-se naquela aldeia na primavera de 1884, alugando uma casa de campo, da qual se tornou proprietário em 1892, com um empréstimo concedido por Claude Monet, e onde permaneceu durante o resto da sua vida.

A exposição inclui também paisagens em movimento desta propriedade rural, em Éragny, rústica e produtiva (em oposição à exuberância colorida de Giverny), que Pissarro imortalizou através da pintura.

Uma parte importante da exposição será reservada aos trabalhos gráficos de Pissarro, realizados no mesmo período, aguarelas deslumbrantes e gravuras “tão radicais” como as de Gauguin, como adianta o Museu.

Enquanto Monet transformou o pequeno jardim de sua casa em Giverny num verdadeiro Éden floral, Pissarro, com a ajuda da sua mulher pragmática Julie, geriu a sua propriedade como uma quinta de produção de animais, frutas, legumes e até mesmo cereais.

A família Pissarro pôde alimentar-se com os frutos do seu trabalho agrícola, colocando em prática um modelo coletivo.

Pissarro inventou também uma nova forma de colaboração artística e familiar, especialmente através de trabalhos com o seu filho Lucien, culminando com a criação do “Éragny Press”.

Esta pequena editora familiar continua a operar em Londres, destacando os trabalhos de literatura favoritos da família, com ilustrações e encadernações artísticas.

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