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As contas do Eurogrupo

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A eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo pode ser uma boa notícia. A circunstância de ser português é muito mais do que um lugar-comum. Mas dito isto, alguém acredita que sem o que Portugal alcançou entre 2011 e 2015, o ministro das Finanças socialista teria sido escolhido? Evidentemente que não. A opção por Mário Centeno não foi nenhuma validação da excelência deste Governo. Resultou, isso sim, de uma afortunada conjugação de circunstâncias.

1. O PSD e o CDS reconstruíram as contas públicas a partir do buraco legado pelos socialistas em 2011. Mário Centeno iniciou funções em 2015 com o país devolvido aos mercados, sem troika, as reformas estruturais feitas e com os principais indicadores macroeconómicos em recuperação. Basicamente, limitou-se a estragar o mínimo possível o trabalho feito, apesar das pressões esforçadas da extrema-esquerda. Reconhecido não é o Governo, mas sim Portugal. E a avaliação retroage a 2011.

2. Os governos socialistas estão em maioria no Eurogrupo, não os governos do PPE. Acresce o equilíbrio partidário consensualizado há muito, a propósito da ocupação dos principais cargos institucionais da U.E. Com os representantes do PPE Jean-Claude Juncker e Donald Tusk a liderarem a Comissão Europeia e o Conselho, a presidência do Eurogrupo deveria ser atribuída a um socialista. Tendo em conta os candidatos socialistas apresentados, Mário Centeno resultou ser o menos mau.

3. António Costa não resistiu ao aproveitamento fácil, dizendo o que repetirá até às eleições legislativas de 2019: “seguramente, se não estivéssemos a ter bons resultados, o presidente do Eurogrupo não seria o ministro das Finanças de Portugal”. Também não é verdade. Infelizmente, muitas vezes o mérito é o que menos conta na definição das lideranças europeias. Recordemos que Vítor Constâncio foi feito vice-presidente do BCE, apesar das falhas trágicas na supervisão ao sistema bancário português, que permitiram os escândalos do BPN, BPP e BES. À Esquerda, os maus resultados podem mesmo ser um fortíssimo catalisador.

4. Nos corredores de Bruxelas, fala-se ainda de um “negócio”. O ministro das Finanças de Espanha Luís de Guindos será vice-presidente do BCE, como condição do apoio de alguns governos liderados pelo PPE a Mário Centeno. Já se verá. Mas o que é facto é que, para lá de todas as circunstâncias, o apoio da Direita, ao representante de um Governo de Esquerda, suportado pelo marxismo-estalinismo-leninismo-trotskismo mais retrógrado que se encontra na U.E., é no mínimo estranho. Lá isso é.

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