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Anglo-Portuguese Ensemble, com futuro incerto, prepara digressão em Portugal

Um projeto musical que promove música de compositores portugueses no Reino Unido parte para a primeira digressão em Portugal com o futuro incerto devido à falta de apoios financeiros, admitiu um dos fundadores do Anglo-Portuguese Ensemble.

“O nosso futuro está muito em risco. Nesta altura só podemos fazer concertos se nos contratarem e pagarem diretamente”, afirmou o músico Lourenço Macedo Sampaio.

Formado em 2015, o grupo envolve 19 jovens músicos de diferentes nacionalidades apenas de instrumentos de cordas.  A maioria são portugueses, desde estudantes em instituições de ensino britânicas a profissionais membros de orquestras no Reino Unido.

O objetivo desde a fundação, em conjunto com o violoncelista Pedro Silva, foi a interpretação de música erudita portuguesa no Reino Unido e também de partituras de compositores britânicos.

Desde o início, têm feito da Igreja de Nossa Senhora da Assunção e São Gregório, em Londres, que antes pertenceu à Embaixada de Portugal no século XVIII, o seu local de ensaios e palco de concertos. No ano passado, beneficiaram de um apoio financeiro do Fundo para as Relações Internacionais (FRI) do Ministério dos Negócios Estrangeiros de 11.319,50 euros para a realização de cinco espetáculos.

Tinham também como patrocinador a Caixa Geral de Depósitos e uma outra empresa britânica, mas nos últimos meses todos estes apoios cessaram.

A confiança de que o financiamento do FRI seria renovado por mais um ano levou o Ensemble a avançar com dois concertos, mas recentemente receberam a notícia de que a candidatura foi rejeitada. “Ainda não pagámos aos 12 músicos”, lamentou o violetista, que se mudou para Londres para frequentar um mestrado na Royal Academy of Music.

Para já, conseguiram fundos da Anglo-Portuguese Society e da embaixada da Áustria em Portugal, que serão aplicados numa digressão por Portugal.

No sábado e domingo atuam nos Dias da Música no Centro Cultural de Belém, cujo tema “As Letras da Música” os levou a procurar um programa que fizesse uma relação com a literatura.

No primeiro dia, o Ensemble vai interpretar “Suite Abdelazar”, composta no século XVII pelo britânico Henry Purcell, “Lachrymae” de Benjamin Britten e “Fantasia sobre um tema de Thomas Tallis”, de Vaughn Williams, baseada num salmo do século XVI.

No segundo dia, vão interpretar “A Morte de Manfredo”, de Luís de Freitas Branco, e “Noite Transfigurada”, do austríaco Arnold Schoenberg.

Algumas das mesmas obras serão repetidas no dia 01 de maio, no Quartel das Artes, em Oliveira do Bairro, e no dia 3 na Casa da Música, que tem em curso o ano da Música Britânica.

“Só para digressão gastámos 2.500 libras (3.000 euros) para alugar partituras. Nem sequer pagamos o mínimo estabelecido pelo sindicato [britânico] dos músicos, mas eles gostam de participar porque é um projeto diferente”, salientou.

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