De que está à procura ?

Colunistas

A Tonta

Uma Tonta nesse bar a olhar para o seu mojito

Que nada vê, apenas reflete nessa existência só dela

E que quer tornar-se numa ignorante sem ideias nem projetos.

 

Uma Tonta que sabe o que quer

E que flutua no ar a cada prazer da vida

Mas que deixou de voar.

 

Uma Tonta que perdeu uma cumplicidade algures no passado

E a Tonta que não sabe viver sem essa cumplicidade

Mas que a quer extrair das entranhas.

 

Uma Tonta cheia de raízes poéticas no coração

Mas que quer deixar de ser poeta

Para erradicar os sonhos nela.

 

Uma Tonta que não sabe onde mora nem para onde vai

Porque, um dia, lhe foi interdito o único sabor que ela precisava e que tanto desejava.

 

Mas uma Tonta linda

Linda na beleza interior e linda no que deseja oferecer ao mundo.

 

Uma Tonta que se recusa de partilhar o vazio

Esse vazio do prazer efémero, fútil, oco e insaciável

Porque ela é igual a ela mesma.

 

Uma Tonta que sofre ao ler o sofrimento por esse mundo fora

Porque ela é sentimento.

E uma Tonta que sofre ao ler tudo vindo dessa cumplicidade perdida

Pois a Tonta tudo sente dessa alma gémea que ela cruzou nesse passado

Mas a Tonta nada quer nem nada exige.

 

E ela é apenas uma Tonta

Que se abre ao mundo e que grita todos os dias essa sua alma intuitiva e pura.

 

A sensibilidade, um dia, matará essa Tonta

Pois é ela que a faz sofrer e sofrer em permanência.

 

Mas afinal o que quer essa Tonta?

Simplesmente e apenas deixar de ser tonta.

Um dia, talvez…

 

BV 16.06.2018

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA