De que está à procura ?

Colunistas

A arte de furtar

Descansem que não vou falar do livro do século XVII. Obra publicada em anonimato, porque outrora, como agora, há verdades que todos conhecem, mas que não se devem dizer… pelo menos em público.

Mas, nos nossos dias a “Arte de Furtar” continua, quiçá, mais refinada, mais astuciosa, do que outrora.

Parece que anda meio mundo a enganar outro; e muitas vezes, quem engana, quem nos leva a cair no logro, é quem sempre consideramos amigo – onde chega a “ Arte de Furtar” – à própria família!

Especializados em “furtar” ou “assaltar” a bolsa do cliente, é o comerciante – Nem todos… mas quase.

Dias destes, fui ao supermercado. Deparei com limões, em oferta. Grande e vistoso letreiro, dizia. “ Eram a dois euros e nove centavos. Agora: a um euro e noventa e nove centavos”.

Ora eu vira, na véspera, que o preço não era o indicado.

Bem diz o povo: “ É mais fácil apanhar um mentiroso que um coxo”; é que ainda lá estava, escrito a branco, sobre preto, o preço antigo! …

Em meados de Dezembro, fui ao hipermercado, e verifiquei o preço do bacalhau. Como tinha cupão que me dava 25% de desconto, a partir do dia 15, esperei…

Para meu espanto, o bacalhau havia subido, 25%! …

Outro modo de “furtar” ou enganar, são os peditórios à porta de supermercados.

Desde que o Banco Contra a Fome se lembrou de recolher géneros alimentícios, não há fim-de-semana, que: associações, fundações, asilos, abrigos de meninos e meninas desamparadas, não estejam de saquinho, a pedir aos fregueses da loja! …

Já não abordo os pedintes, que mal falam português, ou de ciganas romenas, que vieram para Portugal – graças à fronteira aberta, – invadindo o nosso país, e instalando-se à porta de: restaurantes, confeitarias e supermercados.

De cara morena, queimada pelo sol, saias coloridas e compridas, algumas com crianças (alugadas?), solicitam a moedinha, num português macarrónico.

Dizem que pertencem a rede internacional de pedintes. Será?!

Já que falos de pedintes, eles são tantos – até universitários pedem para cerveja!… – que mal se pode deambular pela baixa, sem ser intercetado, não por um, mas por vários.

Vou contar o que recentemente vi na Rua de Santa Catarina, no Porto:

Mulher, ainda jovem, decentemente vestida, de mochila às costas, abordava os transeuntes, mostrando letreiro: “ Ajude-me a viajar. Dê-me uma moeda”!

Mas, amigo meu, garantiu-me: que há mocinhas que pedem um euro, para poderem viajar…Retribuem, depois, com um beijo! E essa, hein?!

Estando em Anadia, encontrei, à porta de igreja, senhor, muito bem trajado, entregando um cartãozinho: “ Pedro precisa de auxílio. Tem 4 anos. Precisa de consultar algures, no estrangeiro, especialista de Sindrome Nefrótico Tipo Finlandês”.

Verifiquei que o papel não trazia qualquer identificação, nem nome de quem o tratava. Apenas pseudo – carimbo: Dr. Ille Violeta-Arad…

Tudo me levou a crer que era conto do vigário, mas as notas de cinco e dez euros choveram…

Curioso: é que só vejo pobres a pedir à porta de igrejas católicas. Por que será?

Será que nossos irmãos evangélicos não são generosos?! … Somos um país de pedintes. Não admira que assim seja: até o Estado, pede lá fora… e “ tira” cá dentro.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA